terça-feira, 17 de agosto de 2010

Há instantes que chegam sem permissão, instantes em que não se volta ao corpo, deixa-se ele ali vazio, os ouvidos se fecham, a visão embaça, como se a morte tocasse levemente a superfície do ser.
É na possibilidade de preencher-me infinitamente e poder ser tudo que nada sou além de uma pequena teimosia de constituir-me sujeito, de gritar "Eu" para que dentro de mim se ouça.
Talvez a solidão seja ser expansionista, ultrapassar o limite dos poros para perde-se num sopro do outro, confundir a face entre um milhão de máscaras até ser tão outro que dele já não se precisa.
É-se vida mas tão sem propriedade que não conseguimos sequer nos prender entre os dedos.
Quando sou sou só tecitura discursiva, só organismo a pulsar. Mas de fato sou? Posso usar esse verbo?

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