sexta-feira, 10 de julho de 2009

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http://www.youtube.com/watch?v=qCwME6Jpn3s&feature=related

Escrevo-te hoje, encharcando as folhas de Nina Simone e chuva fria. Escrevo-te sobre mim, nada de literatura resta neste momento.Quando falo de mim não há nada de literatura, anônimos não a fazem, é só especulação... corpo e caligrafia, enovelar de voz e seios, peito rasgado e aroma de canela na curva do pescoço. É tudo sólido, pensamento e pontuação temporal, nada de ficção no meu sentimento, no amargo dos meus lábios.Nada de literatura nessas gotas que incolorem meus lábios, só melancolia, nada palpável de fabulosas palavras.
É um ciclo de roer o vazio, nem tripas existem mais ali e ainda sim se rói como um lunático até ser um buraco negro, engolir-se e nem vazio ser mais.
Acende mais um cigarro, mostra a pupila dilatada da tua apatia trêmula de café. Ainda existe alguma coisa aí dentro? Eu sei que é só cinema, citações marcadas de um estudo poético. Uma cifra decorada e alguns odores e lugares desenhados na mente como um velho postal.
Não sonho faz alguns anos, mas eu digo sempre sonhar com você para que me ames até quando eu mesma não me amo. Estou mais sozinha do que nunca, como um eterno luto do mundo. Beijo-te a boca mornamente para que você me deseje até nestes momentos em que nada desejo.
Sinto uma constante vontade de chorar... mas a alguns há de ser assim...



ps: mais alguns meses sem escrever...