quinta-feira, 28 de julho de 2011

No instante menos esperado sorriu-me enquanto despenteada eu abria o portão.
Não soube nomear a situação nem mesmo nomeá-lo.
Sentamos receosos em uma praça escura como se não nos conhecêssemos e, perdidos entre xícaras infinitas de café e cigarros, enfim nos reconhecemos, em meio a penumbra desvelara-se o velho rosto já comum ao meu olhar.
São dos momentos dóceis que escolhemos a sobrevivência, é a coleção infindável de lembranças que nos prende ao relicário da vida.
Como colecionadora fotografei toda e qualquer banalidade, do silêncio às frases típicas deste cotidiano que aqui nos resta, e apaixonei-me pelo minuto, que é o que apaixona nas coisas, aquele fio de luz que ilumina por um segundo e logo não mais ali está.
Nos arrependimentos confessados a espera dilacerante pelo acaso, é tanta espera que essa agenda corre as páginas para chegar aos mesmos dias de um outro ano com este mesmo lamento na voz e um outro copo na mão.
Minha súplica é a tentativa de resgatares em mim um fôlego já cansado que faça com que esse relógio pareça um rolo gigante de fita, meu filme.
Arrependimento de aceitar o real, de ser mais mansa.
Resta um certo apego a uma trilha sonora antiga, uma rememoração que trapaceia a inércia mas, como qualquer trapassa, logo o truque é desvendado e a conformidade vem no pesar da cabeça contra o travesseiro.
Só nos resta este resquício de falsa plenitude, meu caro...

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